Quatro dias à descoberta de Berlim e, inevitavelmente, dos seus museus. Não há dúvida que nesta cidade se encontram algumas das melhores colecções, sobretudo aquelas das civilizações antigas do Mediterrâneo e do Médio Oriente. Ao mesmo tempo, não há dúvida que uma excelente colecção não é garantia de uma boa experiência durante a visita. Alguns dos factores que, com alguma frequência, podem estragar a experiência nos museus desta cidade:
- Berlim é neste momento a terceira cidade europeia mais visitada por turistas, a seguir a Londres e Paris. No entanto, os guardas nos seus museus falam apenas alemão. Assim, não só têm muita dificuldade em dar informações quando lhes são solicitadas, como também estão constantemente a dar instruções aos visitantes que estes últimos são incapazes de entender.
- Alguns museus atraem um grande número de pessoas. No recentemente reaberto Neues Museum os visitantes têm que comprar o seu bilhete antecipadamente e para um determinado horário. Adquiri o meu numa quinta-feira, sendo que a primeira vaga seria no sábado. As filas em certos momentos são enormes e as pessoas com direito à entrada livre (membros do ICOM, portadores de cartões equivalentes ao Lisboa Card, etc.) não têm maneira de as evitar. São obrigadas a juntar-se a elas para ficarem com um bilhete de entrada livre. Em muitas cidades existem filas ou entradas separadas para essas pessoas. Em Berlim, não.
- Em todos os museus em que entrei havia audioguias, quase sempre a custo zero. Apesar de serem um excelente suporte para quem procura uma visita mais aprofundada, com mais pormenores sobre os objectos expostos, não deveriam substituir os painéis introdutórios e as legendas, com textos breves e bem escritos. Na maioria dos grandes museus de Berlim ou somos especialistas ou não temos a mínima ideia sobre o que estamos a ver (a não ser o nome do objecto, a data e a proveniência). Total ausência de explicações e de um contexto mínimo. Há excelentes excepções: no Neues Museum, na Neue Nationalgalerie e no Deutsches Historisches Museum.
- Não são poucas as vezes em que parece haver maior preocupação com o design e menor com a funcionalidade e acessibilidade. Vi soluções muito bonitas em alguns museus em termos de vitrines ou suportes de informação escrita (Jüdisches Museum, Neues Museum). No entanto, vi pais com crianças pequenas ao colo em grande parte da visita para elas poderem ver os objectos nas vitrines. Pessoas em cadeira de rodas, como ninguém lhes pega ao colo, ficam logo excluídas.
Quatro dias e treze museus depois, o balanço é este:
Os absolutamente favoritos
- Neues Museum. Tem uma colecção maravilhosa e, como foi recentemente renovado, aproveitou para a expor e interpretar melhor. Cria unidades temáticas, dá informações básicas sobre elas em suporte escrito, disponibilizando mais detalhes através de outros meios. A intervenção arquitectónica na área expositiva é impressionante. Ponto alto da visita: a entrada na sala de Nefertiti.
- Pergamon Museum. Tem muitas falhas do ponto de vista museográfico, entre elas, o facto de não disponibilizar informação essencial sobre as peças expostas a não ser via audioguia. O que o torna, mesmo assim, num dos favoritos é o altar de Pergamon e a porta de Ishtar. Imagino qual teria sido a experiência se estes dois monumentos tivessem sido melhor interpretados.
Desilusões
- Jüdisches Museum. Há anos que queria visitar este museu. Descobri que afinal é sobretudo o edifício famoso de um arquitecto famoso. De resto, parece que o que pretende é manter-nos num estado permanente de desorientação, tanto do ponto de vista do espaço como da narrativa. Não sabia onde estava nem qual parte da história estavam a contar-me. Várias vezes fiquei na dúvida relativamente ao caminho a seguir. Este foi também o museu que mais soluções de design implementou para a apresentação dos objectos e para a disponibilização da informação, a maioria delas inacessíveis.
- Berlim é neste momento a terceira cidade europeia mais visitada por turistas, a seguir a Londres e Paris. No entanto, os guardas nos seus museus falam apenas alemão. Assim, não só têm muita dificuldade em dar informações quando lhes são solicitadas, como também estão constantemente a dar instruções aos visitantes que estes últimos são incapazes de entender.
- Alguns museus atraem um grande número de pessoas. No recentemente reaberto Neues Museum os visitantes têm que comprar o seu bilhete antecipadamente e para um determinado horário. Adquiri o meu numa quinta-feira, sendo que a primeira vaga seria no sábado. As filas em certos momentos são enormes e as pessoas com direito à entrada livre (membros do ICOM, portadores de cartões equivalentes ao Lisboa Card, etc.) não têm maneira de as evitar. São obrigadas a juntar-se a elas para ficarem com um bilhete de entrada livre. Em muitas cidades existem filas ou entradas separadas para essas pessoas. Em Berlim, não.
- Em todos os museus em que entrei havia audioguias, quase sempre a custo zero. Apesar de serem um excelente suporte para quem procura uma visita mais aprofundada, com mais pormenores sobre os objectos expostos, não deveriam substituir os painéis introdutórios e as legendas, com textos breves e bem escritos. Na maioria dos grandes museus de Berlim ou somos especialistas ou não temos a mínima ideia sobre o que estamos a ver (a não ser o nome do objecto, a data e a proveniência). Total ausência de explicações e de um contexto mínimo. Há excelentes excepções: no Neues Museum, na Neue Nationalgalerie e no Deutsches Historisches Museum.
- Não são poucas as vezes em que parece haver maior preocupação com o design e menor com a funcionalidade e acessibilidade. Vi soluções muito bonitas em alguns museus em termos de vitrines ou suportes de informação escrita (Jüdisches Museum, Neues Museum). No entanto, vi pais com crianças pequenas ao colo em grande parte da visita para elas poderem ver os objectos nas vitrines. Pessoas em cadeira de rodas, como ninguém lhes pega ao colo, ficam logo excluídas.
Quatro dias e treze museus depois, o balanço é este:
Os absolutamente favoritos
- Neues Museum. Tem uma colecção maravilhosa e, como foi recentemente renovado, aproveitou para a expor e interpretar melhor. Cria unidades temáticas, dá informações básicas sobre elas em suporte escrito, disponibilizando mais detalhes através de outros meios. A intervenção arquitectónica na área expositiva é impressionante. Ponto alto da visita: a entrada na sala de Nefertiti.
- Pergamon Museum. Tem muitas falhas do ponto de vista museográfico, entre elas, o facto de não disponibilizar informação essencial sobre as peças expostas a não ser via audioguia. O que o torna, mesmo assim, num dos favoritos é o altar de Pergamon e a porta de Ishtar. Imagino qual teria sido a experiência se estes dois monumentos tivessem sido melhor interpretados.
Desilusões
- Jüdisches Museum. Há anos que queria visitar este museu. Descobri que afinal é sobretudo o edifício famoso de um arquitecto famoso. De resto, parece que o que pretende é manter-nos num estado permanente de desorientação, tanto do ponto de vista do espaço como da narrativa. Não sabia onde estava nem qual parte da história estavam a contar-me. Várias vezes fiquei na dúvida relativamente ao caminho a seguir. Este foi também o museu que mais soluções de design implementou para a apresentação dos objectos e para a disponibilização da informação, a maioria delas inacessíveis.
- Hamburger Bahnhof, o museu de arte contemporânea de Berlim. Trata-se de uma colecção privada. Saí como entrei. Não aprendi nada, porque não quiseram explicar-me nada. Partem do princípio que sei tudo ou que gosto de me sentir pouco inteligente?
- Checkpoint Charlie – Mauermuseum. Ou seja, o Museu do Muro, convenientemente localizado num dos pontos mais emblemáticos - e turísticos - da cidade. Um ‘museu’? Não diria. Trata-se de uma casa que conta uma história fascinante, é verdade, através de textos escritos há provavelmente 30-40 anos e de reproduções fotográficas. Pouquíssimos objectos. Centenas de visitantes enlatados neste espaço, ao ponto de questionar se será legal manter tanta gente num edifício naquelas condições. Parecia uma procissão. Mas o objectivo aqui é claramente fazer dinheiro, por isso, não há nenhuma preocupação quanto ao controlo do número de visitantes e à qualidade da visita. Um adulto paga €12,50 (o museu nacional mais caro custa €10…). Alguém deveria prevenir os inocentes turistas. Uma visita ao Memorial do Muro (Gedenkstätte Berliner Mauer) é gratuita, muito mais interessante e tem a vantagem da exposição se encontrar ao pé de uma das duas extensões fragmentadas do muro que se encontram ainda de pé. Uma experiência diferente, tocante e muito mais decente.
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