Sunday, 1 June 2025

Fiéis aos nossos valores

 


A minha intervenção na conferência anual da Balkan Museum Network em Zagreb. Podemos manter-nos fiéis aos nossos valores? Ler aqui

Saturday, 26 April 2025

A liberdade quer virtude e ousadia



Deixe aqueles que sentem pesada
A mão cuprosa do medo
Viver sob o jugo da escravidão;
Coragem e virtude é o que
A liberdade quer.
“Quarta Ode, A Samos” por Andreas Kalvos

Li o livro de Lonnie Bunch “A Fool’s Errand” como se fosse um romance fascinante. Com a mesma urgência, com o mesmo prazer e emoção. Tive a honra de conhecer Lonnie Bunch em Lisboa, há pouco mais de dois anos. Para além da sua inteligência, outra coisa que me marcou foi a sua humildade. Encontrei a combinação destas duas qualidades no livro também. E senti admiração pela sua generosidade em partilhar connosco esta aventura de criar um museu, começando com uma equipa de dois e sem colecção: os sonhos e as ambições, os valores e os princípios, os erros de julgamento, os fracassos, os sucessos planeados e não planeados. E também a visão subjacente de “tornar a América melhor”. Como disse Lonnie Bunch, não se tratava apenas de “que tipo de museu eu queria, mas também em que tipo de América eu acreditava” (p.183). Tudo isto junto dá-nos um dos manuais mais essenciais sobre liderança na área dos museus ou da cultura.

Monday, 24 February 2025

A máquina de lavar roupa do Donald

Sophia Linospori e Konstantina Mauropoulou em "A máquina de lavar roupa" de Thanasis Triaridis

No mês passado, tive a oportunidade de ver a peça de Thanasis Triaridis “A máquina de lavar roupa”. Duas mães encontram-se três vezes numa lavandaria pública. No primeiro encontro, a mãe A parece perturbada, chocada, profundamente triste: no dia anterior, o seu filho teve a “honra” de realizar a decapitação pública de uma rapariga. A mãe B parece feliz e satisfeita, felicita a mãe A pelo filho e responde à sua preocupação dizendo-lhe que o seu filho fez algo nobre, obedeceu à lei e a lei cuida de todos. A lei diz que as raparigas não são úteis e, por isso, têm de ser eliminadas.

Saturday, 7 December 2024

Duas apresentações a 6 de Dezembro

 




Na manhã do dia 6 de Dezembro, fui a keynote speaker na conferência do ICOM MPR / ICOM Georgia em Tbilisi, Georgia. À tarde, participei remotamente na conferência CoMuseum 2024. As apresentações encontram-se aqui and aqui

Tuesday, 12 November 2024

The age-old paradox of democracy

 


A minha intervenção hoje na conferência da NEMO - Network of European Museum Organisations. Aqui

Saturday, 2 November 2024

Sem água, uma pessoa morre em nove dias, mas pode viver cinco anos sem toque humano. Este último será um luxo?

Coro de ex-mineiros nas Minas do Lousal. Juntar-se para cantar era (e é)
importante para eles. (Foto: Maria Vlachou)


O título é uma citação do livro de Justin O´Connor
“Culture is not an industry – Reclaiming art and culture for the common good”. Antes de entrar no assunto, vêm-me à memória dois episódios da minha vida profissional.

Em 2016, a Acesso Cultura tomou conhecimento de um grupo de trabalho constituído no ano anterior pelo governo português para fazer face à crise dos refugiados. Neste grupo estiveram representados os seguintes sectores: Direcção-Geral dos Assuntos Europeus/Ministério dos Negócios Estrangeiros, Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, Instituto da Segurança Social, Instituto do Emprego e da Formação Profissional, Direcção-Geral da Saúde; Direcção-Geral da Educação e Alto Comissariado para as Migrações. A cultura não foi convidada a fazer parte. A nossa associação escreveu ao Ministério da Cultura e foi-nos dito que o grupo estava quase a completar a sua tarefa e que o Ministério iria prestar mais atenção no futuro. Mais atenção a quê…? Ninguém considerou que a Cultura tivesse alguma coisa a ver com a chegada de refugiados a um país pequeno – nem mesmo o Ministério da Cultura e talvez também alguns profissionais da cultura.

Saturday, 26 October 2024

Obrigada, mas não, obrigada.

Não é fácil ler o livro de Ece Temelkuran “How to lose a country: The seven steps from democracy to dictatorship”. A escrita incisiva da jornalista turca torna-se por vezes assustadora, os seus testemunhos pesam muito no coração. Tive de fazer uma pausa de vez em quando. Todas as nossas perguntas, dúvidas, preocupações, frustrações sobre o que está a acontecer à nossa volta, estão neste livro. O que alguns de nós estamos a viver pela primeira vez já aconteceu antes e as táticas nunca foram diferentes. Não só a ascensão de Erdogan, a votação do Brexit, a eleição de Trump são colocadas sob o microscópio, mas Temelkuran tem uma visão clara de até onde precisamos de recuar para encontrar as origens de acontecimentos recentes e actuais e perceber que não fizemos/fazemos nada, embora a forma como se desenvolveram seja, nesta altura, muito previsível. Tão previsível como sete passos.