Perguntava-me há uns meses atrás Porque é que as coisas não acontecem?. Pois, acontecem. É certo que não existem ambientes de trabalho ideais e o Kennedy Center não é excepção. Mas é, sem dúvida alguma, uma grande escola.
A cara do Kennedy Center na última década tem sido Michael Kaiser. Um líder carismático, que soube traduzir a sua visão numa missão concreta que orienta toda a actividade do Centro. Soube ainda reunir à sua volta uma excelente equipa de profissionais - inteligentes, experientes, empenhados, dedicados -, que abraçam a sua visão e que colaboram com ele para tornarem os sonhos realidade. A coesão desta equipa impressiona profundamente. É o que acontece quando existe clareza na missão, determinação, rigor, sentido de responsabilidade (ver post Da liderança).
Uma outra coisa que impressiona é a clara noção que o tempo de cada pessoa é precioso e por isso não se desperdiça. No Kennedy Center investe-se pouco em reuniões e muito em acções. Mais, a pontualidade é uma regra raramente ignorada. O Presidente reúne com os Vice-Presidentes dos vários departamentos uma vez por semana, durante dez minutos, e este facto não parece prejudicar nem a comunicação interna nem a eficiência na forma como a equipa desempenha as suas funções. Há muito para fazer e... faz-se. É o que acontece quando o trabalho está muito bem planeado, os procedimentos claros e cada membro da equipa sabe o que tem a fazer e assume esta responsabilidade (ver post Do planeamento).
Há ainda o prazer, o entusiasmo, o orgulho e o empenho que sentimos nas pessoas que apoiam o Kennedy Center, financeiramente ou como voluntários. Porque ‘fazem parte’. É o que acontece quando uma instituição sabe o quanto a sua ‘família’ é importante para o seu futuro e sabe cuidar dela (ver post Da família). A maioria dos fellows regressa agora determinada em criar a sua.
O que foi referido até agora são conceitos e práticas que fazem parte da filosofia do Kennedy Center e que nos foram transmitidos durante os seminários e os encontros que tivemos com várias pessoas, membros da equipa do Centro e também convidados especiais. Mas houve mais uma coisa, que tenho a sensação que não fazia propriamente parte do currículo. Entre todas as pessoas que tivemos a oportunidade de ouvir, houve algumas que falaram com tanta paixão pelo que fazem, com tanta energia, com um tal brilho nos olhos, que nos lembraram que é isto que acontece quando uma pessoa, um profissional, está no sítio certo; quando tem a possibilidade de dar, tudo o que sabe e tudo o que pode; quando se sente aproveitado; quando sente que está a aprender e a crescer; quando se sente desafiado; e quando se sente reconhecido.
No International Summer Fellowship aprende-se muito graças à generosidade com a qual a equipa do Kennedy Center partilha as suas ideias e experiência connosco. Mas aprende-se também graças aos contributos dos próprios fellows - pessoas inteligentes, interessadas, empreendedoras. A partilha com eles trouxe prazer, inspiração e enriquecimento. O que mais desejava antes de começar este estágio era que as minhas certezas fossem desafiadas. Não o foram. Diria, antes, que muitas das minhas certezas foram confirmadas. Não houve propriamente descobertas nas quatro semanas que passaram. Houve lembretes que se transformaram em grandes lições e tiveram um grande impacto. É tudo isto que trago de volta comigo; é isto que me vai orientar até regressar ao Kennedy Center para o ano.