A entrevista da Ministra da Cultura, Gabriela Canavilhas, ao jornal Público (ler aqui), no passado dia 25 de Junho, dá notícia de cortes muito significativos na área da cultura, que irão afectar todos os sectores, alguns de forma preocupante (como é o caso da Direcção-Geral das Artes).
Considero que há vários pontos que mereciam ser melhor explicados. Aliás, as reacções de vários agentes culturais, que obrigaram o Ministério a emitir um comunicado no mesmo dia da publicação da entrevista (ler notícia aqui), indicam que tem, aparentemente, havido pouco diálogo e partilha de informações. Todos se mostram solidários, mas não gostam de ser apanhados de surpresa e sentem que deveriam estar mais envolvidos na procura de soluções. Faz sentido.
Na minha opinião, a Ministra da Cultura tem mostrado ser uma pessoa que sabe o que quer, confiante, corajosa e concentrada. Procurou rapidamente informar-se sobre a situação dos vários sectores da área da cultura e tomou iniciativas que iriam dar início a processos que procuram dar respostas a questões pendentes há muito.
Por isso, fico sempre desiludida quando sinto que a Ministra foge às questões que lhe são colocadas e chega até a dar informações pouco precisas ao público em geral. Utiliza, digamos assim, ‘truques’ de político, mas que não funcionam com as pessoas que têm um conhecimento mais profundo do sector e, repito, mantém desinformado o cidadão comum.
Foram dois os pontos na entrevista do passado dia 25 que me causaram este sentimento, ambos relacionados com os museus. Primeiro, quando questionada sobre o processo polémico da transferência do Museu Nacional de Arqueologia, a Ministra respondeu:
“… A visibilidade pública da polémica, se virmos com atenção, tem sido motivada por apenas duas ou três pessoas. Não tem uma dimensão grande. É o movimento restrito de um grupo restrito. O facto de ter muita visibilidade nos jornais não significa que seja emanado de uma força civil com significado.”
“Raramente na cultura as movimentações vêm de grandes forças civis”, insistiu a jornalista Vanessa Rato.
Considero que há vários pontos que mereciam ser melhor explicados. Aliás, as reacções de vários agentes culturais, que obrigaram o Ministério a emitir um comunicado no mesmo dia da publicação da entrevista (ler notícia aqui), indicam que tem, aparentemente, havido pouco diálogo e partilha de informações. Todos se mostram solidários, mas não gostam de ser apanhados de surpresa e sentem que deveriam estar mais envolvidos na procura de soluções. Faz sentido.
Na minha opinião, a Ministra da Cultura tem mostrado ser uma pessoa que sabe o que quer, confiante, corajosa e concentrada. Procurou rapidamente informar-se sobre a situação dos vários sectores da área da cultura e tomou iniciativas que iriam dar início a processos que procuram dar respostas a questões pendentes há muito.
Por isso, fico sempre desiludida quando sinto que a Ministra foge às questões que lhe são colocadas e chega até a dar informações pouco precisas ao público em geral. Utiliza, digamos assim, ‘truques’ de político, mas que não funcionam com as pessoas que têm um conhecimento mais profundo do sector e, repito, mantém desinformado o cidadão comum.
Foram dois os pontos na entrevista do passado dia 25 que me causaram este sentimento, ambos relacionados com os museus. Primeiro, quando questionada sobre o processo polémico da transferência do Museu Nacional de Arqueologia, a Ministra respondeu:
“… A visibilidade pública da polémica, se virmos com atenção, tem sido motivada por apenas duas ou três pessoas. Não tem uma dimensão grande. É o movimento restrito de um grupo restrito. O facto de ter muita visibilidade nos jornais não significa que seja emanado de uma força civil com significado.”
“Raramente na cultura as movimentações vêm de grandes forças civis”, insistiu a jornalista Vanessa Rato.
”Olhe que não”, respondeu a Ministra. “Veja o caso do Museu de Arte Popular. Foi um movimento, esse sim, com uma força muito interessante. No caso da Arqueologia é o director e duas ou três pessoas mais...”.
Não quero acreditar que a Ministra não tenha conhecimento da discordância de grande parte dos profissionais dos museus, da actividade intensa do Grupo de Amigos do Museu de Arqueologia, da discussão acesa no blogue desse mesmo grupo, da declaração da Assembleia-Geral da Comissão Nacional do ICOM (International Council of Museums) que deu origem a uma petição. Todas essas pessoas não se manifestam simplesmente contra a transferência do museu. Manifestam-se contra a transferência enquanto não houver um estudo que garanta que a Cordoaria tenha as condições necessárias para receber uma colecção de extrema importância nacional.
Mas diria mais. Mesmo que fossem apenas duas ou três as pessoas que se manifestam contra a transferência do museu, mesmo que fosse apenas uma, o Director, o facto de se tratar de profissionais da área deveria ser suficiente para a Ministra prestar mais atenção e não procurar minimizar ou ignorar a validade das suas opiniões e acções. Porque o Luís Raposo é um excelente profissional. Porque é uma pessoa de diálogo, que procura o consenso. E porque não está a fazer uma birra. Está a cumprir as suas funções, procurando garantir, em nome de todos nós, as condições para a salvaguarda da colecção do Museu Nacional de Arqueologia.
O segundo ponto que me incomodou na entrevista da Ministra foi quando foi questionada sobre articulação do Ministério da Cultura com o Ministério da Economia, dando como exemplo o caso da exposição “Encompassing the Globe”.
“Não acompanhei esse processo, estava nos Açores”, respondeu Gabriela Canavilhas.
Ora, já todos sabemos que os objectivos dessa exposição não foram minimamente cumpridos e que os custos para o Estado, para os contribuintes, foram significativos. Os pormenores foram publicados no Público no dia 21 de Abril (ler aqui), já Gabriela Canavilhas era Ministra da Cultura. No meu post de 26 de Abril, intitulado O MNAA é notícia, comentava sobre o facto do ex-Ministro da Cultura, José António Pinto Ribeiro, Ministro responsável pela vinda da exposição a Portugal, ter-se mostrado indisponível para comentar as notícias. Considerava ser uma obrigação perante os cidadãos o ex-Ministro assumir as suas responsabilidades e responder às perguntas que lhe eram colocadas. De igual modo, acho que não foi correcto a actual titular da pasta ter evitado responder quando questionada sobre a eficácia das parcerias entre o seu Ministério e o Ministério da Economia. Mesmo que continuasse nos Açores, teria, concerteza, tomado conhecimento das notícias. A questão colocada é muito pertinente e esperava que uma Ministra que sabe o que quer, confiante, corajosa e concentrada, teria respondido de forma clara, garantindo que casos de má gestão de dinheiros públicos, como o da exposição “Encompassing the Clobe”, não voltarão a repetir-se.