Aqui está o link para a minha palestra do Wool Festival, Covilhã. Abordei a subida da extrema direita, a democracia, a cultura e o espaço público.
Aqui está o link para a minha palestra do Wool Festival, Covilhã. Abordei a subida da extrema direita, a democracia, a cultura e o espaço público.
A minha intervenção na conferência anual da Balkan Museum Network em Zagreb. Podemos manter-nos fiéis aos nossos valores? Ler aqui
Deixe aqueles que sentem pesada
A mão cuprosa do medo
Viver sob o jugo da escravidão;
Coragem e virtude é o que
A liberdade quer.
“Quarta Ode, A Samos” por Andreas Kalvos
Li o livro de Lonnie Bunch “A Fool’s Errand” como se fosse um romance fascinante. Com a mesma urgência, com o mesmo prazer e emoção. Tive a honra de conhecer Lonnie Bunch em Lisboa, há pouco mais de dois anos. Para além da sua inteligência, outra coisa que me marcou foi a sua humildade. Encontrei a combinação destas duas qualidades no livro também. E senti admiração pela sua generosidade em partilhar connosco esta aventura de criar um museu, começando com uma equipa de dois e sem colecção: os sonhos e as ambições, os valores e os princípios, os erros de julgamento, os fracassos, os sucessos planeados e não planeados. E também a visão subjacente de “tornar a América melhor”. Como disse Lonnie Bunch, não se tratava apenas de “que tipo de museu eu queria, mas também em que tipo de América eu acreditava” (p.183). Tudo isto junto dá-nos um dos manuais mais essenciais sobre liderança na área dos museus ou da cultura.
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Sophia Linospori e Konstantina Mauropoulou em "A máquina de lavar roupa" de Thanasis Triaridis |
No mês passado, tive a oportunidade de ver a peça de Thanasis Triaridis “A máquina de lavar roupa”. Duas mães encontram-se três vezes numa lavandaria pública. No primeiro encontro, a mãe A parece perturbada, chocada, profundamente triste: no dia anterior, o seu filho teve a “honra” de realizar a decapitação pública de uma rapariga. A mãe B parece feliz e satisfeita, felicita a mãe A pelo filho e responde à sua preocupação dizendo-lhe que o seu filho fez algo nobre, obedeceu à lei e a lei cuida de todos. A lei diz que as raparigas não são úteis e, por isso, têm de ser eliminadas.
Coro de ex-mineiros nas Minas do Lousal. Juntar-se para cantar era (e é)
importante para eles. (Foto: Maria Vlachou)
O título é uma citação do livro de Justin
O´Connor “Culture is not an industry – Reclaiming art and culture
for the common good”. Antes de entrar no assunto, vêm-me
à memória dois episódios da minha vida profissional.
Em 2016, a Acesso Cultura tomou conhecimento de um grupo de trabalho constituído no ano anterior pelo governo português para fazer face à crise dos refugiados. Neste grupo estiveram representados os seguintes sectores: Direcção-Geral dos Assuntos Europeus/Ministério dos Negócios Estrangeiros, Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, Instituto da Segurança Social, Instituto do Emprego e da Formação Profissional, Direcção-Geral da Saúde; Direcção-Geral da Educação e Alto Comissariado para as Migrações. A cultura não foi convidada a fazer parte. A nossa associação escreveu ao Ministério da Cultura e foi-nos dito que o grupo estava quase a completar a sua tarefa e que o Ministério iria prestar mais atenção no futuro. Mais atenção a quê…? Ninguém considerou que a Cultura tivesse alguma coisa a ver com a chegada de refugiados a um país pequeno – nem mesmo o Ministério da Cultura e talvez também alguns profissionais da cultura.