Na semana da pausa escolar, o chamado half term, Londres estava cheia de gente. Para além dos milhares de turistas estrangeiros que enchem todos os dias as suas ruas e os seus museus, as famílias inglesas aproveitam muitas vezes esta semana para viajar até à capital e para visitar as várias exposições.
Os museus pareciam centros comerciais em época de saldos. As filas, o barulho, a quantidade de pessoas tornavam a visita uma tortura em museus como o Natural History Museum, o Imperial War Museum ou a Tate Modern. Os parques, menos procurados pelos turistas e muito aproveitados pelos londrinos, permitiam-nos respirar fundo, descansar e contemplar as cores deslumbrantes do Outono.
Entre tudo o que vi, destaco duas coisas. A primeira é a escultura “Sunflower seeds” (sementes de girassol) do artista chinês Ai Weiwei, instalada no Turbine Hall da Tate Modern.
Mao Tse Tung era representado como o sol e o povo chinês como girassóis que se viravam para ele. Ao mesmo tempo, Ai Weiwei recorda-se da partilha de sementes de girassol como um gesto de amizade, compaixão e gentileza naqueles tempos de dor, repressão e incerteza. O museu coloca-nos ainda outras questões: o que significa ser um indivíduo na sociedade de hoje em dia? Somos insignificantes ou impotentes, a não ser que actuemos em conjunto? O que significam para a sociedade, o ambiente e o futuro os nossos crescentes desejos, materialismo e número? Mais informações sobre esta obra aqui e também um vídeo relacionado com a sua criação aqui.
O segundo destaque vai para as esculturas ao ar livre do artista Anish Kapoor, que compõem a exposição Turning the World Upside Down.
Colocadas nos Kensington Gardens, as esculturas reflectem o céu, as árvores, as pessoas que por ali passeiam e que pausam para as contemplar. Parece que redimensionam o espaço que nos envolve e voltam a projectá-lo. As peças ficarão expostas até à primavera e acompanharão as mudanças do tempo e das estações. Mais informações sobre esta exposição aqui.
Os museus pareciam centros comerciais em época de saldos. As filas, o barulho, a quantidade de pessoas tornavam a visita uma tortura em museus como o Natural History Museum, o Imperial War Museum ou a Tate Modern. Os parques, menos procurados pelos turistas e muito aproveitados pelos londrinos, permitiam-nos respirar fundo, descansar e contemplar as cores deslumbrantes do Outono.
Entre tudo o que vi, destaco duas coisas. A primeira é a escultura “Sunflower seeds” (sementes de girassol) do artista chinês Ai Weiwei, instalada no Turbine Hall da Tate Modern.
Mao Tse Tung era representado como o sol e o povo chinês como girassóis que se viravam para ele. Ao mesmo tempo, Ai Weiwei recorda-se da partilha de sementes de girassol como um gesto de amizade, compaixão e gentileza naqueles tempos de dor, repressão e incerteza. O museu coloca-nos ainda outras questões: o que significa ser um indivíduo na sociedade de hoje em dia? Somos insignificantes ou impotentes, a não ser que actuemos em conjunto? O que significam para a sociedade, o ambiente e o futuro os nossos crescentes desejos, materialismo e número? Mais informações sobre esta obra aqui e também um vídeo relacionado com a sua criação aqui.
O segundo destaque vai para as esculturas ao ar livre do artista Anish Kapoor, que compõem a exposição Turning the World Upside Down.
Colocadas nos Kensington Gardens, as esculturas reflectem o céu, as árvores, as pessoas que por ali passeiam e que pausam para as contemplar. Parece que redimensionam o espaço que nos envolve e voltam a projectá-lo. As peças ficarão expostas até à primavera e acompanharão as mudanças do tempo e das estações. Mais informações sobre esta exposição aqui.
Cem milhões de sementes de porcelana, cada uma criada individualmente por mais de 1600 artesãos. Uma obra que se pode classificar como ‘bonita’ ou ‘impressionante’, mas que, à medida que a vamos descobrindo, através dos textos e vídeos, começa a ganhar outras dimensões. “A arte é uma ferramenta para colocar novas questões. Criar uma estrutura básica que pode estar aberta a muitas possibilidades é a parte mais interessante do meu trabalho. Quero que as pessoas que não percebem o que é arte percebam o que faço”, diz o artista e conhecido activista. Esta peça traz referências da antiquíssima arte chinesa da porcelana, mas também da Revolução Cultural, durante a qual
2 comments:
Realmente, os museus londrinos estavam, por estes dias, verdadeiramente incómodos, devido à multidão de visitantes. Não posso deixar de questionar-me, como muita gente, sobre os efeitos que esses milhares de visitas terão sobre a conservação das obras expostas. O ar, nas galerias que acolhem a retrospectiva de Gauguin, estava bastante viciado. Dado o volume de pessoas nas salas, julgo que uma boa parte daqueles que puderam entrar na exposição tiveram grandes dificuldades em fruir as obras. (E fiz a minha visita num domingo à noite!).
Quanto ao Ai Weiwei… um artista dos tempos pós-modernos que me parece saber muitíssimo bem aquilo de que estes gostam. Extremamente cuidadoso na interacção com o público, porventura visando uma certa elaboração da sua própria imagem, teve o cuidado de dispor uma série de ecrãs tácteis, perto da instalação Sunflower Seeds, para comunicar com o público e este com ele. O equipamento tem webcams para que os visitantes gravem perguntas/opiniões que desejem apresentar ao artista, ou para registar as respostas daqueles a questões colocadas pelo próprio Weiwei (http://aiweiwei.tate.org.uk/). Clever!
Julgo que uma parte muito importante do conceito da instalação Sunflower Seeds passa pela vivência activa dos visitantes com as sementes de porcelana. Ora, o desgaste causado por esta intervenção dos visitantes, prevista e desejada, acabou por ter consequências desastrosas sobre as mini-peças expostas, gerando uma quantidade de poeira tal que o museu se viu forçado a interditar o contacto físico com a obra poucas semanas após a inauguração (http://www.nytimes.com/2010/10/19/arts/design/19sunflower.html). Entretanto, a Tate aguarda que Weiwei apresente uma solução para o problema.
Como estará claro por esta altura, não obtive particular prazer estético ou intelectual com a visita à instalação supracitada.
Ao contrário, as obras de Kapoor, com o necessário passeio por Kensington Gardens, tiveram em mim um efeito verdadeiramente arrebatador. Que bom! Está lá tudo: ideia, técnica e… beleza.
Sobre isto (e mais), permita-me que sugira a leitura do artigo “Has Conceptual Art Jumped the Shark Tank” (http://www.nytimes.com/2009/10/16/opinion/16dutton.html).
Obrigada pelo comentário e por todas as referências, Madalena.
Quanto às sementes, confesso que o facto de não as poder pisar - e já tinha acompanhado na imprensa o desenvolver desta história - não me retirou prazer estético (confesso também que senti um pouco de inveja quando vi o próprio artista pisá-las no vídeo). É verdade que a partir do momento que não se pode interagir com elas não parece haver razão para aquela instalação monumental, mas esse foi um acidente de percurso. Para mim, todos os significados que a peça 'esconde', tão ligados à China, à sua história e arte, ao povo chinês, foram uma grande descoberta, uma história que foi sendo construida e que me tocou profundamente.
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