Um festival de blues em Bombaim? “Mas porquê?”,
alguém pode pensar. Ou talvez… “Porque não?”. No entanto, o facto do festival
ser organizado pelo Grupo Mahindra, sendo o meu amigo e colega Jay Shah a força
motora por trás, explica que esta não é uma decisão que surgiu por acaso. Faz
parte da estratégia de uma empresa global, que se relaciona com mais de 100
nacionalidades de clientes e funcionários, e que pretende promover as artes e o
diálogo através de várias culturas. mv
Walter Trout no Mahindra Blues Festival 2013, Bombaim, Índia (Foto: Ritam Banerjee) |
Os Estúdios Mehboob, os icónicos estúdios de
Bollywood no coração de Bombaim (conhecida agora por Mumbai), tem ganhado vida
nos últimos três anos, durante o Mahindra Blues Festival (MBF), que apresenta
os melhores talentos de blues que o mundo tem para oferecer. Buddy Guy e
Taj Mahal estiveram aqui, e também Robert Randolph, Poppa Chubby, Shemekia
Copeland, Ana Popovich, Jimmy Thackery, entre muitos outros. O melhor dos blues,
num local inesperado, numa cidade inesperada, poderão supor.
O MBF é a celebração de uma forma de arte num
festival longe do delta do Mississípi, o seu local de origem. No meio de uma
cultura aparentemente tão diferente, têm emergido semelhanças impressionantes.
Bombaim é uma cidade dura – mas uma cidade de sonhadores. A luta e o conflito abundam
tanto como o triunfo e as vitórias. Poderá não haver uma ligação melhor entre
este género de música e qualquer cidade do mundo, como acontece com Bombaim. A
nossa visão audaciosa é criar o maior destino para os blues fora dos
EUA. Gostaríamos de fazer de Bombaim o que Montreux é para o jazz.
Na ausência de qualquer prática de donativos
para as artes da parte de indivíduos e com a preocupação do governo em
providenciar às massas os essenciais para a vida, as artes e a cultura
raramente são apoiadas na Índia. Actos esporádicos de apoio financeiro para um
artista particular ou para um evento acontecem, mas sem existir um plano
holístico a longo prazo ou uma visão. Estamos convencidos que as empresas devem
ajudar a preencher a lacuna.
O Grupo Mahindra, é uma federação de empresas
com um capital social de $15,9 milhões, que abrange várias geografias e
negócios tão diversos como a produção de automóveis e tractores, o comércio e
os resorts. Envolvemo-nos com mais de 100 nacionalidades de clientes e
funcionários em todos os continentes, excepto a Antárctida. Como empresa
global, acreditamos que estamos numa posição única para potenciar o diálogo
entre culturas e estamos empenhados em promover as artes e a cultura a longo
prazo, procurando criar admiração para a nossa marca. Além disso, as nossas
actividades de outreach cultural estão directamente ligadas à nossa
estratégia de negócio; são, portanto, sustentáveis. Ajudam a criar um valor
partilhado entre a marca e os nossos accionistas, garantindo um pensamento positivo
relativamente à nossa marca.
Para um maior sucesso na exploração de fontes de
financiamento alternativas, as instituições culturais poderão querer analisar
melhor os planos de negócios específicos das empresas e ajudá-las a identificar
maneiras de obter vantagens a longo prazo, através do apoio a uma forma de arte
específica. Se virem uma ligação estratégica e benefícios para o negócio, o
financiamento irá fluir e as artes irão prosperar.
Dana Fuchs no Mahindra Blues Festival 2013, Bombaim, Índia (Foto: Ritam Banerjee) |
E, podem pensar, qual a ligação estratégica
entre os blues e o nosso negócio? Mahindra é o maior produtor de
tractores no mundo. Os agricultores do delta do Mississípi são os nossos mais
distintos clientes nos EUA. Começaram a relacionar-se connosco num plano
diferente. Não somos apenas mais uma empresa estrangeira que tenta vender-lhes
um produto. Vêem-nos como uma marca que tem orgulho na herança deles, que
celebra a sua cultura e ajuda a divulgá-la em terras distantes. A nossa cota de
mercado tem crescido e os níveis de satisfação dos nossos clientes são altíssimos.
Claro que os nossos produtos são os melhores do mercado. Mas a nossa ligação
através da cultura tem, sem dúvida, aumentado significativamente o gosto pela
nossa marca.
O ‘produto lateral’ mais cativante deste
festival tem sido o entusiasmo com o qual o público de Bombaim o tem abraçado.
A ligação que sentem à música é intensa. O público é composto por pessoas de
todos os meios, idades e demografias. Como disse Anand Mahindra, Presidente e
Director Geral do Grupo Mahindra, ao longo dos anos este festival tornou-se num
movimento e é seguido como se fosse um culto. Os públicos tornaram-se fiéis,
uma tribo de seguidores.
Convido-vos a ver um pouco do festival e a ouvir
os testemunhos das pessoas:
Jay Shah trabalha para o Grupo
Mahindra há 15 anos, tendo desempenhado várias funções. Actualmente, é
responsável pelo uso inovador das artes e da cultura para criar ligações com os
accionistas do Mahindra em todo o mundo. Coordena os Mahindra Excellence in
Theatre Awards e o Mahindra Blues Festival e desenvolve programas internos,
como o Programa de Recrutamento Global e os prémios Mahindra Rise e Mahindra
Has Talent. É
International Fellow no Kennedy Center, Washington DC.
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