Passam este ano 125 anos desde a morte de Vincent Van
Gogh. A partir de 3 de maio e ao longo de 125 dias, o Museu Van Gogh em
Amsterdão irá responder a 125 questões sobre o pintor, a sua vida e a sua obra.
O museu convida todos os interessados a fazer uma pergunta através do seu
website e de uma página especialmente criada para apresentar as perguntas e
respostas (ver vídeo promocional e visitar a página).
As primeiras oito perguntas foram já respondidas e vejo-me a esperar ansiosamente pelo que vem a seguir. Fico impressionada com o quão simples é a ideia na base do projecto e com a riqueza de conhecimento que irá gerar: não só em relação a Vincent Van Gogh, mas também, e igualmente importante, em relação aos visitantes do Museu Van Gogh (físicos e virtuais), os seus interesses, os seus conhecimentos, as suas perguntas e assim também em relação à resposta que o museu dá, actualmente e no futuro.
As primeiras oito perguntas foram já respondidas e vejo-me a esperar ansiosamente pelo que vem a seguir. Fico impressionada com o quão simples é a ideia na base do projecto e com a riqueza de conhecimento que irá gerar: não só em relação a Vincent Van Gogh, mas também, e igualmente importante, em relação aos visitantes do Museu Van Gogh (físicos e virtuais), os seus interesses, os seus conhecimentos, as suas perguntas e assim também em relação à resposta que o museu dá, actualmente e no futuro.
Outra coisa que devemos mencionar aqui é que esta não é uma
"boa ideia" isolada. Inscreve-se numa política mais alargada do museu
de estabelecer um relacionamento com pessoas com diferentes perfis, tendo como
base a missão clara de tornar "o trabalho de Vincent Van Gogh e a arte do
seu tempo acessível para tantas pessoas quanto possível, com o objectivo de as
enriquecer e de as inspirar".
Este foi também o desafio dado aos webdesigners que trabalharam
no novo website do museu, apresentado no final do ano passado. David van
Zeggeren, da Fabrique, escreveu num artigo publicado no The Guardian, que lhes foi precisamente pedido
desenvolverem um website que apoiasse a missão do museu. Como é que eles
fizeram isso? Com a criação de duas áreas distintas: Visite o Museu e Conheça
Vincent. "Tivemos que garantir que seria fácil para os visitantes
planearem a sua visita, mas também tentá-los com histórias inspiradoras sobre o
artista. (...) Com este conceito "Conheça Vincent", a equipa teve que
tornar não apenas a colecção (e, portanto, o museu) acessível, mas também o
artista. (...) Cada história foi especialmente escrita e desenhada para o
website e oferece novas abordagens ao trabalho do artista e dos seus
contemporâneos."
Responder a questões particulares das pessoas é também a
base simples por trás da Ask App do Brooklyn Museum, da qual falei no meu último post. Baseando-se na sua missão, "actuar como uma ponte entre o rico
património artístico das culturas do mundo, tal como se apresenta nas suas
colecções, e a experiência única de cada visitante", o Brooklyn Museum
procura neste momento mudar (melhorar) a experiência do visitante desde a
entrada até à saída. A Ask App tem envolvido, durante mais de um ano, curadores e membros das equipas de
interpretação e web, e vai ser lançada em Junho. Todas as partes do processo
têm sido generosamente partilhadas por membros da equipa no blog do museu, e qualquer pessoa interessada pode ir aprendendo com eles. Esta é uma
resposta mais sofisticada para a necessidade de envolver as pessoas de uma
forma mais personalizada e significativa. Acho que é verdadeiramente
impressionante, uma vez que envolve também Location Aware Technology, usada
para informar a equipa que responde às perguntas em que sala se encontra o
visitante e que outras obras estão nas proximidades, o que lhes permite dar uma
resposta mais completa e guiar melhor o visitante. Cada etapa do
desenvolvimento da app está a ser avaliada e às vezes há consequências simples
e práticas, como o repensar uma tabela, quando os visitantes fazem a mesma
pergunta sobre uma obra de arte específica.
Apesar do nível de sofisticação dos dois projectos ser muito
diferente, a sua base comum - responder a perguntas das pessoas – fez-me
juntá-los no mesmo post. Acredito que há algumas lições claras a tirar de
ambos:
Tudo começa com uma missão clara: os projectos não são
desenvolvidos simplesmente porque alguém teve uma ideia que pareceu boa ou
porque se aproxima uma comemoração, mas porque eles ajudam o museu a cumprir
sua missão. Realmente, todas as ideias para projectos devem ser testadas em
face da missão. Quantas vezes fazemos este exercício?
Devem ser envolvidas as pessoas certas: isto provavelmente
soa como um luxo em países que lutam com graves cortes e equipas
sobrecarregadas de trabalho, com as pessoas a fazer um pouco de tudo. Mas, se
quisermos ser relevantes e fazer parte da vida das pessoas, chega um momento em
que as prioridades devem ser claramente definidas e o objectivo deve ser algo
mais do que iniciativas que são "OK" e resultados que são
"OK" - mesmo que nós insistamos em apresentá-los como
"extraordinários". Quando vamos poder começar a trabalhar nisto?
Finalmente, a avaliação: uma missão clara e objectivos
claros permitem definir indicadores de avaliação igualmente claros, de modo a
monitorizar se as coisas estão a ser desenvolvidas de acordo com o plano e a
fazer as mudanças necessárias. Podemos dizer honestamente que o número de
exposições apresentadas, o número de actividades propostas e o número de
pessoas que participaram são indicadores suficientemente bons quando
apresentamos os nossos relatórios no final do ano? O que é que nos dizem - por
si só - sobre a qualidade e o impacto do nosso trabalho, em relação aos
objectivos inicialmente definidos?
Mais neste blog
Mais leituras
Maria Isabel Roque, “A pintura que vem até mim”: a imagem ea comunicação do Museu Van Gogh
No comments:
Post a Comment