Museu da Acrópole (Foto: Maria Vlachou) |
Da última vez que estive no Museu da Acrópole e enquanto
estava a tirar fotografias na sala das esculturas, fui abordada por um
vigilante que gentilmente me informou que não podia tirar fotos naquela sala e
que rapidamente me informou também das áreas onde podia fotografar. Não me foi
dada nenhuma explicação em relação a essa distinção. Quando um pouco mais tarde
tirei uma fotografia a uma legenda (não um objecto, uma legenda), uma outra
vigilante fez questão de informar os seus colegas que deveria ser vigiada. E
passou a seguir-me de perto…
Sendo tudo isto muito desconfortável para mim - e, tenho a
certeza, para os vigilantes também -, aproveitei a oportunidade para questionar
uma arqueóloga que estava na sala, a fim de responder a perguntas dos
visitantes. Explicou-me que algumas das estátuas preservam as suas cores
originais, que o flash pode ser prejudicial, e que, como não é possível para os
vigilantes controlarem o uso do flash, o museu achou melhor proibir totalmente
a fotografia. Pareceu-me que a apanhei de surpresa quando perguntei por que
razão o museu não assume o seu papel educativo e não explica aos visitantes
porque é que não deve ser utilizado o flash, em vez de proibir totalmente a
fotografia em determinadas salas (a maioria das câmeras digitais não precisa de
flash) e criar uma política tão ambígua em relação à fotografia no museu.
Brooklyn Museum (Foto: Maria Vlachou) |
Não foi algo que inventei naquele momento. Ocorreu-me que,
há um par de anos, na exposição Workt by Hand no Brooklyn Museum - composta
de colchas extremamente frágeis, feitas nos últimos dois séculos - o museu
tinha optado por não mostrar os objectos atrás de vidros ou cercados de cordas
e à distância. Por isso, quando se entrava no quarto, o visitante era convidado
a "Por favor, não tocar. O óleo e os sais nas suas mãos podem danificar
tecidos e pontos. Agradecemos a sua ajuda na preservação destas peças
frágeis". Algumas pessoas podem estar a pensar que estamos a falar de uma
cultura diferente, uma cultura mais respeitosa, mas não é o caso. O Brooklyn
Museum abre as suas portas a todo o tipo de visitantes, com e sem o hábito de
visitar museus, com e sem conhecimentos específicos sobre os objectos e a sua
preservação. O museu assume, no entanto, o seu papel educativo e não espera
simplesmente que os visitantes aceitem o 'não' como resposta, só porque o museu
assim o disse, sem mais explicações.
Pouco depois da minha visita ao Museu da Acrópole, li um artigo no Guardian sobre o papel fundamental dos assistentes de sala nos teatros, principalmente no que diz respeito a públicos disruptivos. No artigo, é-nos dado a conhecer o exemplo de Stratford East Theatre, onde
assistentes de sala e pessoal de frente-de-casa são formados para lidar com
tais situações. E mais: num teatro que tem "um número particularmente
elevado de espectadores que vêm pela primeira vez, que às vezes precisam de ser
ajudados a compreender o efeito que o seu comportamento tem não apenas nos
outros membros do público, mas também nos assistentes de sala e nos
actores", a gestão do teatro opta por convidá-los "a visitar os
bastidores para conhecerem a equipa e o elenco e para que possam entender mais
sobre como funciona um teatro e como os seus comportamentos afectam os
outros".
Acredito que faz parte do papel educativo das instituições
culturais ajudar as pessoas a compreender melhor os detalhes do trabalho que
está a ser feito, mas também o seu próprio papel – o papel dos espectadores e
dos visitantes – para que este trabalho possa ser realizado nas melhores
condições para todos os envolvidos. Acredito que isto pode ser muito mais
eficaz do que simplesmente dizer "não" a um certo comportamento ou
pedir às pessoas para saírem e é também uma maneira de as tornar
co-proprietárias e co-responsáveis por esse trabalho.
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